This is the end

Acabou.

O que eu senti?
Escrevo esse texto diretamente do avião enquanto vôo de volta pro Brasil após um dos anos mais sensacionais da minha vida.

Venho aqui unicamente para descrever o sentimento mais bizarro e lindo que eu já senti na vida.
Há quase uma semana que eu deitava na cama antes de dormir e esperava, ansiosamente pela minha volta. Porra eu to morrendo de saudades de vocês ai e parecia estar aceitando naturalmente minha volta, sem grandes emoções.
Isso continuou, tirando a ansiedade pela volta, eu não estava lá muito emocionado pelo fato de estar deixando Toronto,
Muita calma aqui, não me entenda errado, é óbvio que eu estava triste e que a cada coisa que fazia pensava: “pode ser a ultima vez que faço isso em solo canadense”. Porém eu não estava surtando, entende?

Passaram-se os dias, passaram as minhas festas de despedidas, de quinta a domingo com muita festa e rodeado dos meus melhor amigos no Canada. Com direito à uma balada onde o DJ parou a festa pra anunciar minha despedida e me fazer um desafio no palco da balada, mas isso é história pra outro post.

Enfim as emoções começaram a fluir. Na quinta-feira, na primeira despedida, no Mana (balada latina onde meu roommate é DJ), eu me vi extremamente feliz porque uma amiga minha estava lá.
Fato é que ela tinha ido passar as festas de fim de ano no Brasil e voltou a tempo das minhas despedidas. Aliás, ela havia chegado na própria quinta.

– Se chegou hoje e já veio?
– Lógico!

Na sexta-feira tivemos minha festa de despedida oficial, uma festa mesmo no meu lugar preferido de Toronto: meu Basement.
Foi incrível.

– Eu não sei como dizer isso, não costumo andar com Brasileiros, mas você é especial, cara. Você é “outstanding” – disse Masao, um amigo japonês.

– Vou sentir muito sua falta, meu irmão. Você sempre foi um dos meus melhores amigos aqui e de longe o que melhor sabe dar uma festa! – Foi como um amigo, Omar, Mexicano me descreveu.

– Gui eu não vou poder ficar muito, mas eu exijo te ver amanhã e depois! E ah… Te amo, tá? – Anna, minha brother brasileira.

Entre outras coisas, tudo isso representou muito pra mim. Fiquei literalmente sem saber como agradecer, só espero que eles saibam o quanto eu penso o mesmo sobre todos, só que em dobro.

As comemorações continuaram conforme os dias passaram, com direito a um jantar no Domingo com meus dois melhores amigos Canadenses, Elizabeth e Greg.
Tudo isso mexeu demais comigo. Mas ainda sim, eu parecia estar aceitando numa boa o fato de ter que voltar.

Até que chegou o dia. Acordei logo cedo sem nem ter dormido direito, terminei de arrumar as coisas e esperei.
Eu não queria um grupo no aeroporto comigo, muito pelo contrário, quanto menos, melhor e eu nem sei descrever o porque desse desejo.

Fomos para o aeroporto eu, Elizabeth e Takesi, o japonês mais louco e fofo que vai existir.
Fizemos tudo o que tivemos que fazer e ficamos aguardando… A fila começou a crescer e eu me toquei que era melhor eu ir indo.

Foi no exato momento em que eu levantei do banco que estava sentado, olhando pra fila e dizendo:

– I should get going…

Foi aí que minha ficha enfim, caiu. Inexplicavelmente eu comecei a chorar e não conseguia parar. Chorar mesmo, chorar de não conseguir falar e sabendo que, se eu falasse algo, o choro ia aumentar.
Nisso os dois também começaram a chorar e foram além! Takeshi me presenteou com um chaveiro dele contendo a letra T e dizendo: “eu uso isso há mais de dez anos, é uma parte de mim. Mas eu não estou te dando, estou te emprestando, estou te esperando aqui pra você me devolver.”
Porra que tipo de filho-da-puta faz isso com alguém que já esta em lágrimas? Só consegui dar o abraço mais apertado que minhas forças me permitiam e dizer o quão ele era foda e especial.
Lizzie tirou um crucifixo que ela sempre usou, que também contém uma figa e me disse: “Tó, pra sua mãe achar que você é religioso.”

Pronto, esse foi o estopim do meu berreiro. Eu nunca, nunca vou conseguir explicar o quanto a Elizabeth foi importante pra mim nessa viagem. Nunca nem vou tentar.
Mais uma vez, a única coisa que eu pude fazer foi chorar e abraçá-la, na esperança do tempo parar ou voltar.

Não parou, fui pra fila sem ter forçar pra olhar pra trás, mas olhando e, inevitavelmente, chorando mais. O pessoal da fila me olhava meio que sabendo exatamente o que estava acontecendo, e compreendendo.

Eu só fui conseguir parar, literalmente, quando entrei noa avião e vi que eu havia pego uma acento na janela. Ri, pois durante horas eu brinquei com os dois sobre como eles deveriam rezar pra eu conseguir um.

Acabou. Eu venci(?). Eu vivi(!) a melhor experiência da minha vida e só queria poder voltar. Eu não tenho dúvida que ainda vou voltar muitas vezes pra Toronto. E graças a Deus eu sempre consegui escapar daquelas perguntar tipo “Você não pretende voltar pra ficar?”, porque eu nunca saberia responder.

Obrigado Toronto.

Chaos, Xmas, Boxing day, etc…

Olá,

Faz tempo que eu não escrevo, logo tem uma porrada de coisa pra escrever… Vamos ver o que eu lembro.

Pra começar, queria falar do que estava acontecendo aqui em Toronto na semana passada;
Devido à algumas tempestades de vento/neve/gelo que aconteceram, muitas árvores caíram pela cidade, e grande parte da mesma ficou sem energia/internet por alguns dias.
Fiquei curioso, né? Lembro um dia que eu estava indo na Cornerstone (lá eles tinham internet EHEHE) e, durante o caminho eu pude ver dezenas de árvores no chão, todas devidamente congeladas rs.

Chegando na escola, minha primeira ação foi perguntar aos meus amigos canadenses se isso ocorria em todo começo de inverno.

– Não! Essa é a primeira vez em mais de dez anos, sinta-se privilegiado. – Ok né…

Após alguns dias, quase toda a cidade já estava normalizada, quase toda!, e aí entrou nosso pequeno milagre de Natal.

Fui passar o Natal com o mais próximo de uma família que pudia, ou seja, com meus irmãos brasileiros. Nós passamos num salão de festa, cerca de 40 pessoas, com algumas exceções, todos brasileiros.
Problema é que esse salão acordou no dia 24 ainda sem luz, nisso nós começamos a correr atrás de geradores, aquecedores, etc, etc… Infelizmente estávamos sem sorte, e começamos a pensar em como nos viraríamos, desalugar o salão e cancelar a festa não era uma possibilidade, até porque já estávamos com mais de $1k de comida em mãos.

Estávamos eu e mais quatro pessoas arrumando a festa no salão, por volta das 5:30 e nossa, o lugar estava congelando, sem aquecedor ficaria muito difícil.
Arrumação vai e vem, ligação pra tentar arranjar alguma solução também, e nada. Por volta das 6, eu fui pegar uma mesa num quarto e percebi que no mesmo havia um microondas, microondas esse que tinha aquele “:” aceso, sabe, aquele “:”? Não? Esse aqui:

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Pois é!, isso ai dele estava aceso, na hora pensei:
“Pô, como assim?”
Fui até o aparelho e coloquei pra esquentar por 30 segundos, funcionou.

Fui até os outros e disse:
– Acho que a luz voltou, caras.

Perguntaram como assim, expliquei. Foram até o interruptor do banheiro, testaram, acendeu, festa!
Faltando menos de duas horas para o início da festa, nossa luz “milagrosamente” voltou… Evitarei piadas.

A festa foi muito legal, muita comida, o preço foi de $40 por pessoa, com direito a tudo. Eu, como já havia informado aos outros, fiz questão de engordar $40, e agora estou arrependido, MAS ENFIM…
Quase ninguém fez aquela cerimônia de esperar dar meia-noite para nos servir, até porque a maioria não havia comido nada o  dia todo para poder aproveitar (inclusive minha pessoa). Lembro de duas amigas que esperaram, fizeram uma prece e enxeram o bucho.

Falando em preces e tal e coisa, teve uma hora que uma senhora fez questão de colocar todos presentes de mãos dadas para agradecer e essas coisas.
Muito legal que 99,9% dos presentes participaram, indiferente de religião, o respeito prevaleceu.

Aí vai uma tentativa de foto da Ceia:
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No dia 25, almoçamos a famosa sobra da noite anterior e decidimos ir ao cinema, que pelo visto era a única coisa aberta na cidade.
Chegando no shopping, Yorkdale Mall, eu vi uma coisa que pessoalmente achei sensacional. O estacionamento do shopping estava rigorosamente vazio, e o branco prevalecia por todo o lugar, tive até que gravar um vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=yDaOFmBr764

Aproveitei também para fazer Guilhermices
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Pois bem, o próximo dia, dia 26/12, era um dia que eu particularmente aguardei bastante, o tão falado Boxing Day.
Boxing Day é o dia seguinte ao Natal, nesse dia, muuuitas lojas entram em liquidação, uma espécie de queima de estoque do que sobrou no ano.
Por mais que eu não tivesse muita coisa pessoal pra comprar, e o que eu queria não estivesse em promoção, quis ir ver, por curiosidade, e pra quem sabe comprar algo. Cara, que bosta.
Eu fui justamente no Eaton Centre, maior ponto turístico de Toronto, as duas da tarde. Sério, não tinha como se locomover, não tinha pra onde ir, e minha vontade era sair chutando as pessoas pra abrir caminho.

Lembro uma hora na Aeropostale que eu simplismente quis desaparecer dali, sair correndo, aquele mundo de pessoas ao meu redor meio que me causou um pânico.
Caso não acredita, era mais ou menos isso:
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Acabei não vendo quase nada no Eaton Centre, decidi ir pra outro lugar. Lembrei do Kensington Market, um lugar que fui apenas uma vez com meus pais, mas que tinha gostado muito.
Lá você encontra diversas roupas, produtos e etc meio “alternativos” e com um preço “bacana”. Lembro que havia gostado muito do lugar por ter roupas de quase todas as bandas que gosto ehehehe, como era bem perto de onde eu estava, peguei um Taxi.

Pra meu alívio, lá não havia praticamente ninguém (!!!!!!!!), e também tinham descontos do Boxing Day.
Lá, acabei comprando algumas roupas, dois óculos e finalmente, um tênis, kakaka. Ainda preciso comprar alguma roupa pra passar o revellión, mas não saio pra comprar nada até segunda, Deus me livre.

 

É issae, por último, contarei algo esquisito que me ocorreu outro dia no ônibus. Estava eu indo pra Cornerstone, naquele dia que eu estava sem internet e tal, escutando música e tal… Não lembro qual música era ou qual banda, mas o vocalista falou algo sobre ele estar “Digging his own grave”. Na hora me veio um branco na cabeça, e eu não conseguia lembrar o que era grave, em português!
Foi a coisa mais estúpida que já me aconteceu, provavelmente. Eu sabia o significado, conseguia construir a imagem na minha cabeça, mas a palavra em português não aparecia na minha cabeça.
A história fica mais estúpida ainda. Chegando na escola, decidi compartilhar isso com alguns amigos, falei pra um deles:

– Dude… I was on the bus, listening to this song and minding my own business, right? Then this word came up in the song, ‘grave’… I just can’t remember how to say ‘grave’ in Portuguese, how stupid is that?

Aconteceu que esse meu amigo, Greg, Canadense, me respondeu:

– Isn’t it Sepultura?

Pois é! O Canadense sabia, e eu não! Porra… Acontece que ele é meio metaleiro e o Sepultura, banda brasileira, é uma das bandas mais bem sucedidas no mundo do metal, por isso ele sabia.

Que coisa não?

 

Edição especial: Everything’s clearer now

I don’t know, don’t know how to explain. You know, i live with myself since i was born, i don’t usually notice the changes in me.
But I am sure a lot has changed, and it is amazing!
Whenever you ask me if I’ve become fluent , hell yeah. I mean, I think I’m fluent since march or so. You know, my English was already pretty good when I got here.
The thing is, I knew a lot of words, I used to be like a parrot. Knew the words, frequently I’d know what I was saying, but for sure I was insecure as hell, and I had a lot to learn.

Then it started, I was having long conversations in English, with all kinds of people, from all around the world.
Can’t deny that the Canadians are my favourites though. I mean, don’t get me wrong… I’m in Canada, eh? They are the natives, they speak the English that I wanted to learn.
You know, I’ve never had English classes in my life but, when I got here, I wasn’t surprised about the fact that I was placed in the highest level. I was satisfied and happy, not surprised.

Time’s flying. Going faster and faster, today I’m completing 10 months in Toronto and this is my first post in English.
Anyway, the moral of this topic is simple. Everything is clearer.

Couple of weeks ago I started to listen to a ton of songs I haven’t listened for years. I am astonished. Everything makes sense. I’m not afraid to say that; fuck yeah, I am listening, I’m listening it loud and clear. I understand the phrases, the verses and the songs (not just the words).

I am fluent momma, not natural though. Guess it would take another year for me to become natural. And that’s because I’m in Canada, but I have a bunch of Brazilians friends ehehe
By the way when I say “natural”, is something that I don’t know how to explain. Let’s just say I can’t think in English when I’m listening to song in Portuguese, even though I can do the same in the opposite situation (I can think in Portuguese while listening to a song in English).

I still have a lot of doubts and things I want to learn, but lets just live day by day.
Pardon me for the (many) mistakes I’m yet to commit. Be sure that I’m the one who suffers the most with them.

Love y’all!

Savvy

Daqui uns dias vai fazer dez meses que eu cheguei em Toronto. Dá pra lembrar como se você ontem mesmo tudo que eu e o Guga experenciamos pela e tudo que fazíamos de certo, errado, e de incertezas.

Hoje, adaptado à cidade e acostumado com a vida que levam aqui, eu me pego muitas vezes no metrô, ônibus, etc… Olhando para outros estudantes que aparentam estar na cidade há pouco tempo, e ai sim sou abatido em nostalgia.

Exemplo: Acho que todos os estudantes chegam aqui achando que serão os únicos falando português nos lugares. Aliás, abusamos de aproveitar da nossa vantagem linguística.
“Ninguém vai entender mesmo, vamo toca o puteiro nessa porra.”

Poorra, isso até o dia que o Guga falou algo sobre alguém não dar lugar pra um Idoso no metrô, e a mesma se levantou e disse:
“Quer sentar? Vai lá.”

Menos ainda depois que mudamos pra Dufferin St., lá, não por menos, é meio que a Lil’ Portugal de Toronto, nisso incluindo uma penca de Brasileiros. Em quase todos os locais, eles tem uma plaquinha: “We speak Spanish”. Até porque nós falamos Espanhol no Brasil! Claro, como não?

Depois de toda a euforia inicial, você se pega vendo outras pessoas fazendo as coisas que você fazia, e dá risada por dentro. Ou mais que isso;
Eu sou meio anti-social/tímido/na minha, então não costumo puxar assunto com pessoas X no meio do busão. Já o Lessão, é o rei da simpatia e já fez amigos em todos os locais possíveis e imagináveis.

Por vezes, nós (todos) e nosso anti-socialismo do século XXI nos faz deixar de perceber coisas.
Nós, em nossos Headphones, jogando nosso Candy Crush, lendo um livro, enfim…

Sei lá, me perdi aqui.

Falo ae.

Brace yourselves, Winter is coming

Olá.

Hoje eu estava indo ao super-mercado comprar algumas coisinhas aqui pra casa quando percebi que estava com frio. Curioso, peguei meu celular pra checar a temperatura e vi que a temperatura era de 6° positivos, com sensação de 1°.

Isso me fez pensar em algumas coisas… Sabe quando você pensa em uma coisa que te conecta a outra e quando você menos espera você já esta pensando em como surgiu o universo? É, isso me ocorre bastante. Aliás, graças a Deus eu não sou usuário de drogas (bom, não sei, as vezes se eu fosse, já teria escrito uns cinquenta álbuns e inventado uma nova religião). Enfim… esses pensamentos me fizeram perder meu ponto, coisa de dois ou três, nada demais.

Estava pensando em como nós da parte debaixo do mundo crescemos em um mundo nos querendo fazer acreditar que nós estamos na parte norte do planeta. O maior exemplo disso é o Natal, quando pequeno nunca entendia porque não nevava no Brasil na época do Natal. Pelo contrário, era um calor de rachar o crânio.
Anos mais tarde aprendi no colégio sobre as estações do ano e sobre os fusos-horário, as coisas passaram a ter mais sentido, mas nem tanto.
O fato de sermos um país tropical nos impede de ter neve, mesmo no inverno. Quer dizer, as vezes até temos alguns dias de neve no sul do país, mas nada comparado ao que acontece aqui.
Mesmo assim, o Brasil nunca foi um exemplo muito bom de estações do ano. Vou me reservar as cidades que eu mais frequentei na vida: São Paulo e Ribeirão Preto, ambas no estado de São Paulo.

As vezes temos dias quentes no inverno, as vezes temos dias de frio no verão. São Paulo é uma cidade louca onde de um dia pro outro a temperatura pode virar e você nunca sabe o que vestir de manhã, camiseta ou moletom.

Em Ribeirão é um inferno de quente durante 300 dias no ano, nos outros 65 é apenas muito quente.

Aqui em Toronto eu vivenciei uma coisa interessantíssima, por assim dizer. A cidade vive todas as estações do ano, como é de se esperar.
Quando cheguei era o recheio do inverno e estava extremamente frio, assim sendo até o fim de março, quando começava a Primavera. Aliás, esse ano os Canadenses até estranharam porque eles tiveram neve em Abril, coisa que é muito atípica pra eles, pelo fato de Abril já ser Primavera.
Na Primavera tudo começou a mudar e eu nem lembro quando, mas estava esquentando e, de repente, estava fervendo. Do nada a cidade parecia outra, sem vestígios de branco (neve) nas ruas e totalmente florida, linda.
Quando veio o verão no fim de Junho, eu já começava a sentir fala do frio, pois estava realmente muito quente, coisa de passar dos 40°. Durante o verão tivemos inúmeros churrascos no quintal de casa, e eu me lembro de diversas vezes olhar aquilo tudo e perguntar: 

– Como fica isso aqui no Inverno? Fica sem fazer nada? Monótono?
– Não pô, nós fazemos do lado de dentro da casa! – Respondiam os moradores daqui mais antigos.

Vez ou outra chovia, vez ou outra não fazia tanto calor, e assim foi passando o Verão. Mais uma vez sem perceber, o tempo foi mudando, já não era tão quente.
Foi quando, exatos 30 dias atrás, começou o Outono.
Eu nunca entendi qual era a do Outono, isso em questões de temperatura, em questão visual eu sei que é aquela parada das folhas caindo e etc… Não sabia se já ia tirando das malas minhas blusas mais pesadas de frio ou se ainda teria o luxo de usar meus shorts por mais algumas vezes.
Essa dúvida durou menos de um mês. Hoje já é loucura sair de shorts, a temperatura caiu de vez e, segundo as previsões, continuarão caindo. Isso porque daqui dois meses o tão temido Inverno vai começar, no dia 21 de dezembro.

Fico no aguardo ansiosamente e ah!, pra ilustrar o que eu disse sobre a cidade viver exatamente o que cada estação tem a oferecer, olha só a foto que eu tirei no High Park outro dia:

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The North American Reality

Ontem estourou uma espécie de bomba ai no Brasil, uma bomba que não matou ninguém, mas incomodou centenas de milhares de pessoas. O Playstation 4 chegará ao Brasil custando um valor de R$4000, isso mesmo, quatro MIL reais.

Bom, vamos tentar falar um pouco sobre a diferença de vida de onde eu estou e de onde eu vou estar em três meses, e porque eu mais do que nunca acho um absurdo essas filhasdaputagens que acontecem no Brasil e somente no Brasil.

Qual é o salário mínimo no Brasil? R$700, R$800?
Bom, isso dariam $366 por mês, sendo muito otimísta, numa cotação de 2.18.

Aqui, o salário mínimo não estabelecido mensalmente, mas sim num período horário, ou seja, você recebe por hora.
O salário mínimo aqui são CAN$10/h, dez dólares por cada hora trabalhada. Então vamos fazer uma conta rápida aqui:

Se um estudante canadense decide pegar um “Part time job”, onde são trabalhadas normalmente quatro horas diárias, de segunda à sexta, ele vai receber CAN$40 por dia, vezes cinco dias por semana, serão CAN$200, em uma semana.
Multiplicando esses 200 pela mesma taxa de 2.18, um trabalhador canadense recebe em cinco dias (trabalhando quatro horas por dia) R$436.

Isso ai mesmo, o cara vai receber em cinco dias, trabalhando quatro horas por dia, mais do que muita gente recebe no Brasil trabalhando 10 horas por dia durante 15 dias.

Esse é o primeiro absurdo que eu quero abordar, mas tudo bem, nem tudo é TÃO ruim assim, o dólar vale mais que o real, fato. Então poderia até estar tudo bem, mas não está, nem perto disso. E vou ilustrar mostrando o exemplo do Playstation 4:

Sabe quanto o PS4 vai custar aqui? Bom, ta aqui:

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Isso, CAN$399. Ou seja, um trabalhador comum aqui, consegue juntar dinheiro pra comprar em uma semana tranquilamente, trabalhando oito horas por dia.

No Brasil, se apenas convertermos o preço para reais, com aquela mesma taxa de 2.18, seriam cerca de R$870. Um preço muito bom, porem óbviamente fora da realidade, afinal temos de incluir taxa de imposto, importação, etc…
Mas meu ponto é, mesmo que o preço do PS4 fosse R$870 no Brasil, quantos lavadores de louça, empregadas domésticas, etc… conseguiriam juntar R$870 em uma semana para seu lazer?

Mas o pior ainda estava por vir. Todos no Brasil estavam animados pois a Sony havia prometido um “preço justo” para o seu novo console em terras brasileiras. Esperavam R$1300, R$1800, até cerca de R$2200 muitos ainda consideravam “razoavelmente justo”.
O anúncio veio e, BUM, quatro mil reais.

Isso simplismente não existe. Quem possuir um PS4 (comprado em terras brasileiras) daqui pra frente, pode se considerar milionário OU louco (ou idiota mesmo).
Várias pessoas online já fizeram algumas pesquisas e chegaram a conclusão que viajar e comprar o PS4 nos Estados Unidos sairá mais barato, e ainda sobrará cerca de mil reais.

Eu não dúvido que alguma coisa tenha acontecido entre a Sony e o Governo Brasileiro, pois eles com certeza também fizeram esses cálculos e viram que saíriam no prejuízo.

Enfim, enquanto nada é lançado e desenrolado, eu apenas fico feliz de estar aqui, e por aqui poder comprar o meu PS4, pelo preço de CAN$400, ok, CAN$452 se incluírmos os 13% de taxa. Oh, que absurdo.

Por último, deixarei essa tabela aqui, apenas pra reforçar meus argumentos.

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Perdão por qualquer erro de português, acentuação ou typo, o teclado aqui é em inglês e etc.

Brazilian Taste

Oi mãe =)

Sabe aquele papo de que quem fica muito aqui sente muita falta dos costumes e principalmente da comida Brasileira?
Bom, é verdade, bem verdade!, mas eu nunca fui de ficar choramingando por isso. Acho que as únicas coisas que eu falo direto que sinto falta é de Açaí, pão de queijo, Tubaína e uma outra que falarei logo adiante.

Um fator que ajuda não sentir tanta falta, é deixar de pensar nisso direto. Afinal você tá aqui, se acostume com o que tem aqui!
Mas quem falou que aqui não tem o que tem no Brasil? Claro que tem! Temos aqui a Little Portugal (que aliás é bem próximo da minha casa) e lá podemos encontrar várias comidas/ingredientes/etc típicos do Brasil, principalmente nos mercadinhos portugueses.

Enfim, dias atrás estávamos conversando aqui em casa eu, meu novo roommate (Flávio) e o Vince (que mora na casa) sobre o que poderíamos almoçar no dia seguinte. Tudo se encaminhava para um restaurante japonês, quando o Vince disse para sugerirmos algo para ele cozinhar, que ele iria fazer.
Sem pensar duas vezes eu sugeri a comida que mais senti falta nesses quase dez meses em Toronto, e que, na verdade, nem tenho certeza se é brasileira… O Strogonoff!

No dia seguinte, fui com o Flávio procurar os ingredientes em um mercadinho português perto de casa. Lá, fomos achando tudo o que precisávamos e muito mais. Vi coisas lá que eu nem sabia que sentia falta e tantas outras que eu nem lembrava da existência!
Massa para fazer pão de queijo, Guaraná Antártica, biscoitos/bolachas como Passatempo e Bono, brigadeiro… enfim, uma variedade imensa de coisas!

Com a certeza de que voltarei pra esse mercadinho em breve, fomos pra casa preparar nosso Strogonoff.
O Vince nos confessou que tudo que ele sabe cozinhar, ele aprendeu no Youtube, coisa que eu já desconfiava. Você pode achar milhões de receitas no Youtube, principalmente em canais americanos! Aliás, foi assim que aprendi a cozinhar tudo que sei até hoje (e com o caderninho da mãe do Guga também).

Pouco mais de uma se passou depois que ele começou a cozinhar e já estava pronto. Já não era sem tempo, eram quase 3PM e eu estava apenas com um sanduíche de atum no bucho ehehehe.

Não sei se era porque eu estava com muita fome, muita saudades de comer aquilo ou se é porque ele acertou a mão, mas a comida estava deliciosa! Digna daqueles barulhos irritantes que você e o papai fazem aos domingos no almoço.
“HMMMMMMM”

 

E o melhor é que sobrou, meu almoço hoje vai ser Strogonoff de novo!
E viva o Youtube.

Muita coisa e Brazilian Day

Nossa senhora, esqueci que tinha um blog!

Oi mãe;

Pois é, como você deve ter percebido (ou não) eu não escrevo a muito tempo.
Isso acontece porque… Bom na verdade eu não sei o por quê.

Terminei a escola, como você sabe.
Continuo a procura de um (bom) trabalho. Enquanto isso, vamos nos virando como podemos. Já arranjei duas coisas nesse meio tempo, e assim vou indo até encontrar algo decente.

Quando digo “um bom emprego”, quero dizer algo aonde eu me comunique mais, fale mais com as pessoas e possa continuar desenvolvendo meu aprendizado.

VAMOS EM FRENTE.

Pouco mais de uma semana se passou desde o Guga voltou para o Brasil…
“MAS O QUÊ? VOLTOU PRA ONDE? COMO ASSIM QUEM HÃN?”

kkkkkk brinks mãe, eu sei que você sabe que eu sei que você sabe que ele já voltou.

Desde então começou uma nova busca Guilhermística por um roomate. Até o fim de setembro eu estou tranquilo, o Lessi (cujo o qual você conheceu e até chamou de bixa) vai embora no dia 27 de setembro, ou seja, preciso de alguém pra começar a morar aqui no início de outubro.

AH, quanta solidão. Sabe todas as vezes que eu falo que a gente se acostuma com à ida das pessoas? Pois é, sim. Mas agora ta irritando já. Todos estão indo… E eu já não tenho mais a escola pra fazer novas ~~amizades~~.
Graças a Deus (na verdade graças à meu anti-socialismo) eu fiz alguns amigos canadenses, japoneses e até brasileiros que vão ficar um bom tempo aqui.

Enfim, de isso é isso… Preciso arrumar algo fixo LOGO, porque como você deve saber, o dólar ai no Brasil ta caro (CARO!!). Preciso de $100 falando nisso, me arranja ae na humildade? 😛

Na última segunda-feira foi feriado aqui no Canadá, e com isso os brasileiros maloca realizaram o BRAZILIAN DAY!
Tudo muito feliz, nunca tinha visto a cidade tão verde (eca!) e amarela! O evento aconteceu no city-hall, mesmo local onde aconteceram as manifestações! Não pagava nada pra entrar (até porque você não entrava em lugar algum), entretanto se você quisesse beber no evento, você teria que comprar um ticket para a área VIB (Very Important Brazilian), como lá era cercado, tinha permissão para vender uns goró do capeta.

Eu, pobre que sou, fiquei no povão mesmo. Mas pouco importa, foi bem divertido, encontrei várias pessoas que conheci e que nem fazia ideia que ainda estavam aqui.
Dentre vários shows, o principal foi o do Gusttavo Lima, fiquei muito triste pois estava esperando a Anitta, mas tudo bem.
Gusttavão até arriscou umas palavras em inglês! Mentira, arrisco porra nenhuma, nem português ele parece falar (na verdade eu não lembro se ele arriscou ou não, fica o mistério no ar).

Desculpa o post corrido, mas é que vai começar o jogo do Corinthians!
Prometo que amanhã mesmo (ou daqui dois meses) eu escrevo de novo!

Beijo,
Te amo!

Um ano depois, o quê mudou?

Máquinas fazendo “bip”, pessoas agonizando ao meu redor, eu sem a capacidade de me levantar da cama e pessoas vindo fazer papel de sangue suga comigo a cada 2 horas. Essa era minha visão do dia a exatos 365 dias atrás.

Estava eu internado numa UTI, sem poder comer nem beber nada, absolutamente nada, sonhando com um sanduíche ou um sorvete, um copo d’água… Eu só podia receber visitas duas vezes ao dia, eram minhas duas meias-horas favoritas do dia. Na UTI eu não podia usar celular, não tinha TV e eu nem noção do tempo tinha. Numa dessas visitas meu pai me trouxe um relógio e um radinho (AM/FM mesmo), Deus o abençoe. Todos os dias, às 11:30 da manhã e as 8:30 da noite, eu ficava esperando alguém abrir as cortinas. Nas outras 23 horas do dia, ficava imaginando quem iria vir no dia seguinte, imaginei meus amigos, meus primos, a Duda, a Pandora, a Lucília, a dona Nadir, nenhum deles vieram, mas poxa, não tenho o direito de ficar chateado. A cada visita dos meus pais, eles me diziam quem “perguntou de mim”, quem “se acabou de chorar quando ouviu o que estava acontecendo” e quem teve vontade de jogar tudo pro alto só pra vir me ver. Amo vocês.

Passou-se um ano disso tudo, to aqui! Vivo, forte, todos os oito quilos que eu perdi na UTI, eu recuperei! E ainda ganhei outros 4 só de sacanagem… mentira, culpa desse país em que eu vivo momentaneamente.
AI EU TE PERGUNTO! O quê mudou em um ano? Porra, quanta coisa mudou em um ano.

Queria ter feito tudo certo, queria ter virado um exemplo, um santo… Porra nenhuma. Nem deu pra pensar em querer isso, até porque pouco mais de dois meses depois da minha alta, eu indiretamente comecei a Primeira Grande Guerra na minha família, eu, meu (resolvido) problema e algumas caipirinhas na festa de casamento do cara mais gente boa da família.

“Dois meses Guilherme, você não pode ingerir uma gota de álcool por dois meses!” – Disse meu médico. O mesmo que me acompanhou por mais de um mês, me viu melhorando e piorando. O mesmo que agüentou minha mãe chorando e até perdendo a paciência de vez em quando. Aquele que tinha tudo sobre meu problema, o meu.

Bom, minha família é muito maior do que aqueles que por acaso compartilham dos mesmos laços genealógicos que eu.
Meus amigos, isso sim, não mudou, espero que nunca mude.

Saí do meu emprego, e decidi enfim que iria atrás do meu tão desejado intercâmbio, Toronto sempre foi meu sonho. Foi tudo rápido num ponto de vista do futuro, mas deve ter demorado uma eternidade.

Um ano. Eu continuei errando, errando tanto que eu perdi a coisa que eu mais queria ter pra sempre na vida. Foi um choque bem grande, daqueles que você é nocauteado, soco na cara mesmo, você cai e não sabe porque não consegue se levantar. Talvez porque a porrada foi muito forte, talvez porque você saiba que o vacilo foi seu, e que você acabou merecendo o soco.

Agora aqui, é exatamente o contrário, sabemos que corremos o risco de nunca mais ver 99% dos amigos que fazemos aqui. E isso me fez levar a vida do jeito que eu estou levando aqui, desde que eu me lembre.

Não importa se eu tenho mais cinco dias ou cinco anos, não importa se meu melhor amigo vai embora amanhã. Eu vou aproveitar o agora como se ele fosse infinito.
Tô feliz e adaptado aqui, aproveitando tudo que posso e como quero. Sem ninguém pra me falar que tá errado ou se meu médico liberou. Sem ninguém pra fazer vista grossa ou jogar zica.

Tô feliz, isso não mudou. 

Como aprender Inglês?

É então… Hoje eu acordei com isso na cabeça e decidi abordar um tema totalmente diferente aqui no blog.

Uma pergunta que por parecer tão simples e boba vista daí, é bem perplexa para muitos por aqui:
Como aprender inglês num país cuja a língua nativa é… Inglês(!)?

Ou até mais, como saber se eu estou atingindo os meus objetivos? Se estou evoluindo (como gostaria), etc…

No começo a empolgação é enorme, no meu caso, vim com um amigo, combinamos de falar português apenas entre nós, e já sabendo que isso seria algo que poderia nos prejudicar.
Mas mesmo assim, dava certo. O problema é que essa erva daninha chamada Brasileiros, estão em todos os lugares e, depois de alguns meses, você se pega com vários amigos do Brasil, consequentemente acaba falando muito português, muito mais do que deveria!

Nós acabamos “forçando” algumas situações, poderíamos estar entre 40 brasileiros, sempre tentávamos chamar alguém de fora para balancear e nos forçar a pensar/falar em inglês, boa!

Quando eu cheguei aqui meu inglês já era considerado bom, comecei no level avançado e toda aquela viadagem, mas é óbvio que aquilo era pouquíssimo.
Não vou esquecer tão cedo quando eu estava conversando com uma amiga minha Canadense, falando dos meus planos de melhorar o inglês, passar a ser fluente, e ela me disse:

– Mas seu inglês já é muito bom!

Agradeci, e expliquei que muito bom era muito pouco, o que eu queria era ser… natural.

Amigos canadenses, foi uma sorte que dei, sorte das grandes! Eu gosto muito de passar o tempo com eles, são pessoas maravilhosas e você sente seu inglês melhorando a cada frase longa completa e correta que você fala, sem falar o quanto seu listening melhora.
Óbvio que eu tenho vontade de me matar a cada erro idiota que eu cometo, por exemplo quando eu disse, “that’s a big escalator!”, falando sobre uma escada rolante grande.

“You mean long, Gui?”

Porra, isso da vontade de dar um tiro na cabeça!
Mas enfim, eu não posso reclamar. Falo sim, e muito, em português, mas encontrei pessoas para praticar e melhorar a razão maior de eu estar aqui, o inglês, pessoas longe da escola, no caso.

Até porque a escola acabou! E agora? O que eu iria fazer nesse meio tempo sem a escola enquanto eu não tenho um emprego? Eu, morando com dois brasileiros, numa casa de brasileiros…
Eu que já brincava que de segundas-feiras eu não conseguia falar inglês, pela razão de passar o fim-de-semana com meus amigos tupiniquins… Algo teria de ser feito, e foi.

Mas enfim… O quanto eu evolui? Quanto melhorei?
Muito! Tenho certeza absoluta. A minha maior motivação é ver meus amigos daqui se esforçando também. Vejo o caso do Lessi, quando ele chegou aqui o inglês dele era pior que o do Joel Santana! Mas e daí? É notório a evolução dele, e fico feliz em saber que tenho ajudado.

Admito que me sinto bem a cada pessoa que fica surpresa pelo fato de eu “nunca ter estudado” inglês na vida. O quê eu fiz até aqui? A mesma coisa que eu continuo fazendo: Música.
MÚSICA, cara! A coisa mais maravilhosa do mundo. Foi a maior responsável por esse negócio de eu ter aprendido tudo que aprendi por mim mesmo.

Não sei se eu vou voltar pro Brasil com um inglês “natural”, como eu gostaria. Mas nada vai me fazer desistir de tentar. Que venham mais mil erros seguidos de cinco mil acertos. Até porque quanto mais eu erro, mais eu aprendo e, por mais que dê vontade de estourar os miolos, nada paga a sensação de ver um filme sem legenda e entender 80, 90% das falas do filme.

Desistir não é e nunca foi comigo, até porque… Vai Corinthians.