Home » Uncategorized » This is the end

This is the end

Acabou.

O que eu senti?
Escrevo esse texto diretamente do avião enquanto vôo de volta pro Brasil após um dos anos mais sensacionais da minha vida.

Venho aqui unicamente para descrever o sentimento mais bizarro e lindo que eu já senti na vida.
Há quase uma semana que eu deitava na cama antes de dormir e esperava, ansiosamente pela minha volta. Porra eu to morrendo de saudades de vocês ai e parecia estar aceitando naturalmente minha volta, sem grandes emoções.
Isso continuou, tirando a ansiedade pela volta, eu não estava lá muito emocionado pelo fato de estar deixando Toronto,
Muita calma aqui, não me entenda errado, é óbvio que eu estava triste e que a cada coisa que fazia pensava: “pode ser a ultima vez que faço isso em solo canadense”. Porém eu não estava surtando, entende?

Passaram-se os dias, passaram as minhas festas de despedidas, de quinta a domingo com muita festa e rodeado dos meus melhor amigos no Canada. Com direito à uma balada onde o DJ parou a festa pra anunciar minha despedida e me fazer um desafio no palco da balada, mas isso é história pra outro post.

Enfim as emoções começaram a fluir. Na quinta-feira, na primeira despedida, no Mana (balada latina onde meu roommate é DJ), eu me vi extremamente feliz porque uma amiga minha estava lá.
Fato é que ela tinha ido passar as festas de fim de ano no Brasil e voltou a tempo das minhas despedidas. Aliás, ela havia chegado na própria quinta.

– Se chegou hoje e já veio?
– Lógico!

Na sexta-feira tivemos minha festa de despedida oficial, uma festa mesmo no meu lugar preferido de Toronto: meu Basement.
Foi incrível.

– Eu não sei como dizer isso, não costumo andar com Brasileiros, mas você é especial, cara. Você é “outstanding” – disse Masao, um amigo japonês.

– Vou sentir muito sua falta, meu irmão. Você sempre foi um dos meus melhores amigos aqui e de longe o que melhor sabe dar uma festa! – Foi como um amigo, Omar, Mexicano me descreveu.

– Gui eu não vou poder ficar muito, mas eu exijo te ver amanhã e depois! E ah… Te amo, tá? – Anna, minha brother brasileira.

Entre outras coisas, tudo isso representou muito pra mim. Fiquei literalmente sem saber como agradecer, só espero que eles saibam o quanto eu penso o mesmo sobre todos, só que em dobro.

As comemorações continuaram conforme os dias passaram, com direito a um jantar no Domingo com meus dois melhores amigos Canadenses, Elizabeth e Greg.
Tudo isso mexeu demais comigo. Mas ainda sim, eu parecia estar aceitando numa boa o fato de ter que voltar.

Até que chegou o dia. Acordei logo cedo sem nem ter dormido direito, terminei de arrumar as coisas e esperei.
Eu não queria um grupo no aeroporto comigo, muito pelo contrário, quanto menos, melhor e eu nem sei descrever o porque desse desejo.

Fomos para o aeroporto eu, Elizabeth e Takesi, o japonês mais louco e fofo que vai existir.
Fizemos tudo o que tivemos que fazer e ficamos aguardando… A fila começou a crescer e eu me toquei que era melhor eu ir indo.

Foi no exato momento em que eu levantei do banco que estava sentado, olhando pra fila e dizendo:

– I should get going…

Foi aí que minha ficha enfim, caiu. Inexplicavelmente eu comecei a chorar e não conseguia parar. Chorar mesmo, chorar de não conseguir falar e sabendo que, se eu falasse algo, o choro ia aumentar.
Nisso os dois também começaram a chorar e foram além! Takeshi me presenteou com um chaveiro dele contendo a letra T e dizendo: “eu uso isso há mais de dez anos, é uma parte de mim. Mas eu não estou te dando, estou te emprestando, estou te esperando aqui pra você me devolver.”
Porra que tipo de filho-da-puta faz isso com alguém que já esta em lágrimas? Só consegui dar o abraço mais apertado que minhas forças me permitiam e dizer o quão ele era foda e especial.
Lizzie tirou um crucifixo que ela sempre usou, que também contém uma figa e me disse: “Tó, pra sua mãe achar que você é religioso.”

Pronto, esse foi o estopim do meu berreiro. Eu nunca, nunca vou conseguir explicar o quanto a Elizabeth foi importante pra mim nessa viagem. Nunca nem vou tentar.
Mais uma vez, a única coisa que eu pude fazer foi chorar e abraçá-la, na esperança do tempo parar ou voltar.

Não parou, fui pra fila sem ter forçar pra olhar pra trás, mas olhando e, inevitavelmente, chorando mais. O pessoal da fila me olhava meio que sabendo exatamente o que estava acontecendo, e compreendendo.

Eu só fui conseguir parar, literalmente, quando entrei noa avião e vi que eu havia pego uma acento na janela. Ri, pois durante horas eu brinquei com os dois sobre como eles deveriam rezar pra eu conseguir um.

Acabou. Eu venci(?). Eu vivi(!) a melhor experiência da minha vida e só queria poder voltar. Eu não tenho dúvida que ainda vou voltar muitas vezes pra Toronto. E graças a Deus eu sempre consegui escapar daquelas perguntar tipo “Você não pretende voltar pra ficar?”, porque eu nunca saberia responder.

Obrigado Toronto.

One thought on “This is the end

  1. Chorei lendo isso! Fico muito feliz por você ter vivido, sobrevivido e muito provavelmente crescido com todas essas experiências desse último ano. Fico feliz também por ter, de alguma forma, feito parte disso pelas internet, por você ter compartilhado suas histórias comigo – por mais bobas que fossem – e, principalmente, por você estar de volta!

    Se eu torço pelo seu sucesso? PORRA! Torço, torci e torcerei sempre. Felicidade ao ler isso que você escreveu é da mais sincera.

    Te amo, bro!

Leave a comment