Brace yourselves, Winter is coming

Olá.

Hoje eu estava indo ao super-mercado comprar algumas coisinhas aqui pra casa quando percebi que estava com frio. Curioso, peguei meu celular pra checar a temperatura e vi que a temperatura era de 6° positivos, com sensação de 1°.

Isso me fez pensar em algumas coisas… Sabe quando você pensa em uma coisa que te conecta a outra e quando você menos espera você já esta pensando em como surgiu o universo? É, isso me ocorre bastante. Aliás, graças a Deus eu não sou usuário de drogas (bom, não sei, as vezes se eu fosse, já teria escrito uns cinquenta álbuns e inventado uma nova religião). Enfim… esses pensamentos me fizeram perder meu ponto, coisa de dois ou três, nada demais.

Estava pensando em como nós da parte debaixo do mundo crescemos em um mundo nos querendo fazer acreditar que nós estamos na parte norte do planeta. O maior exemplo disso é o Natal, quando pequeno nunca entendia porque não nevava no Brasil na época do Natal. Pelo contrário, era um calor de rachar o crânio.
Anos mais tarde aprendi no colégio sobre as estações do ano e sobre os fusos-horário, as coisas passaram a ter mais sentido, mas nem tanto.
O fato de sermos um país tropical nos impede de ter neve, mesmo no inverno. Quer dizer, as vezes até temos alguns dias de neve no sul do país, mas nada comparado ao que acontece aqui.
Mesmo assim, o Brasil nunca foi um exemplo muito bom de estações do ano. Vou me reservar as cidades que eu mais frequentei na vida: São Paulo e Ribeirão Preto, ambas no estado de São Paulo.

As vezes temos dias quentes no inverno, as vezes temos dias de frio no verão. São Paulo é uma cidade louca onde de um dia pro outro a temperatura pode virar e você nunca sabe o que vestir de manhã, camiseta ou moletom.

Em Ribeirão é um inferno de quente durante 300 dias no ano, nos outros 65 é apenas muito quente.

Aqui em Toronto eu vivenciei uma coisa interessantíssima, por assim dizer. A cidade vive todas as estações do ano, como é de se esperar.
Quando cheguei era o recheio do inverno e estava extremamente frio, assim sendo até o fim de março, quando começava a Primavera. Aliás, esse ano os Canadenses até estranharam porque eles tiveram neve em Abril, coisa que é muito atípica pra eles, pelo fato de Abril já ser Primavera.
Na Primavera tudo começou a mudar e eu nem lembro quando, mas estava esquentando e, de repente, estava fervendo. Do nada a cidade parecia outra, sem vestígios de branco (neve) nas ruas e totalmente florida, linda.
Quando veio o verão no fim de Junho, eu já começava a sentir fala do frio, pois estava realmente muito quente, coisa de passar dos 40°. Durante o verão tivemos inúmeros churrascos no quintal de casa, e eu me lembro de diversas vezes olhar aquilo tudo e perguntar: 

– Como fica isso aqui no Inverno? Fica sem fazer nada? Monótono?
– Não pô, nós fazemos do lado de dentro da casa! – Respondiam os moradores daqui mais antigos.

Vez ou outra chovia, vez ou outra não fazia tanto calor, e assim foi passando o Verão. Mais uma vez sem perceber, o tempo foi mudando, já não era tão quente.
Foi quando, exatos 30 dias atrás, começou o Outono.
Eu nunca entendi qual era a do Outono, isso em questões de temperatura, em questão visual eu sei que é aquela parada das folhas caindo e etc… Não sabia se já ia tirando das malas minhas blusas mais pesadas de frio ou se ainda teria o luxo de usar meus shorts por mais algumas vezes.
Essa dúvida durou menos de um mês. Hoje já é loucura sair de shorts, a temperatura caiu de vez e, segundo as previsões, continuarão caindo. Isso porque daqui dois meses o tão temido Inverno vai começar, no dia 21 de dezembro.

Fico no aguardo ansiosamente e ah!, pra ilustrar o que eu disse sobre a cidade viver exatamente o que cada estação tem a oferecer, olha só a foto que eu tirei no High Park outro dia:

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The North American Reality

Ontem estourou uma espécie de bomba ai no Brasil, uma bomba que não matou ninguém, mas incomodou centenas de milhares de pessoas. O Playstation 4 chegará ao Brasil custando um valor de R$4000, isso mesmo, quatro MIL reais.

Bom, vamos tentar falar um pouco sobre a diferença de vida de onde eu estou e de onde eu vou estar em três meses, e porque eu mais do que nunca acho um absurdo essas filhasdaputagens que acontecem no Brasil e somente no Brasil.

Qual é o salário mínimo no Brasil? R$700, R$800?
Bom, isso dariam $366 por mês, sendo muito otimísta, numa cotação de 2.18.

Aqui, o salário mínimo não estabelecido mensalmente, mas sim num período horário, ou seja, você recebe por hora.
O salário mínimo aqui são CAN$10/h, dez dólares por cada hora trabalhada. Então vamos fazer uma conta rápida aqui:

Se um estudante canadense decide pegar um “Part time job”, onde são trabalhadas normalmente quatro horas diárias, de segunda à sexta, ele vai receber CAN$40 por dia, vezes cinco dias por semana, serão CAN$200, em uma semana.
Multiplicando esses 200 pela mesma taxa de 2.18, um trabalhador canadense recebe em cinco dias (trabalhando quatro horas por dia) R$436.

Isso ai mesmo, o cara vai receber em cinco dias, trabalhando quatro horas por dia, mais do que muita gente recebe no Brasil trabalhando 10 horas por dia durante 15 dias.

Esse é o primeiro absurdo que eu quero abordar, mas tudo bem, nem tudo é TÃO ruim assim, o dólar vale mais que o real, fato. Então poderia até estar tudo bem, mas não está, nem perto disso. E vou ilustrar mostrando o exemplo do Playstation 4:

Sabe quanto o PS4 vai custar aqui? Bom, ta aqui:

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Isso, CAN$399. Ou seja, um trabalhador comum aqui, consegue juntar dinheiro pra comprar em uma semana tranquilamente, trabalhando oito horas por dia.

No Brasil, se apenas convertermos o preço para reais, com aquela mesma taxa de 2.18, seriam cerca de R$870. Um preço muito bom, porem óbviamente fora da realidade, afinal temos de incluir taxa de imposto, importação, etc…
Mas meu ponto é, mesmo que o preço do PS4 fosse R$870 no Brasil, quantos lavadores de louça, empregadas domésticas, etc… conseguiriam juntar R$870 em uma semana para seu lazer?

Mas o pior ainda estava por vir. Todos no Brasil estavam animados pois a Sony havia prometido um “preço justo” para o seu novo console em terras brasileiras. Esperavam R$1300, R$1800, até cerca de R$2200 muitos ainda consideravam “razoavelmente justo”.
O anúncio veio e, BUM, quatro mil reais.

Isso simplismente não existe. Quem possuir um PS4 (comprado em terras brasileiras) daqui pra frente, pode se considerar milionário OU louco (ou idiota mesmo).
Várias pessoas online já fizeram algumas pesquisas e chegaram a conclusão que viajar e comprar o PS4 nos Estados Unidos sairá mais barato, e ainda sobrará cerca de mil reais.

Eu não dúvido que alguma coisa tenha acontecido entre a Sony e o Governo Brasileiro, pois eles com certeza também fizeram esses cálculos e viram que saíriam no prejuízo.

Enfim, enquanto nada é lançado e desenrolado, eu apenas fico feliz de estar aqui, e por aqui poder comprar o meu PS4, pelo preço de CAN$400, ok, CAN$452 se incluírmos os 13% de taxa. Oh, que absurdo.

Por último, deixarei essa tabela aqui, apenas pra reforçar meus argumentos.

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Perdão por qualquer erro de português, acentuação ou typo, o teclado aqui é em inglês e etc.

Brazilian Taste

Oi mãe =)

Sabe aquele papo de que quem fica muito aqui sente muita falta dos costumes e principalmente da comida Brasileira?
Bom, é verdade, bem verdade!, mas eu nunca fui de ficar choramingando por isso. Acho que as únicas coisas que eu falo direto que sinto falta é de Açaí, pão de queijo, Tubaína e uma outra que falarei logo adiante.

Um fator que ajuda não sentir tanta falta, é deixar de pensar nisso direto. Afinal você tá aqui, se acostume com o que tem aqui!
Mas quem falou que aqui não tem o que tem no Brasil? Claro que tem! Temos aqui a Little Portugal (que aliás é bem próximo da minha casa) e lá podemos encontrar várias comidas/ingredientes/etc típicos do Brasil, principalmente nos mercadinhos portugueses.

Enfim, dias atrás estávamos conversando aqui em casa eu, meu novo roommate (Flávio) e o Vince (que mora na casa) sobre o que poderíamos almoçar no dia seguinte. Tudo se encaminhava para um restaurante japonês, quando o Vince disse para sugerirmos algo para ele cozinhar, que ele iria fazer.
Sem pensar duas vezes eu sugeri a comida que mais senti falta nesses quase dez meses em Toronto, e que, na verdade, nem tenho certeza se é brasileira… O Strogonoff!

No dia seguinte, fui com o Flávio procurar os ingredientes em um mercadinho português perto de casa. Lá, fomos achando tudo o que precisávamos e muito mais. Vi coisas lá que eu nem sabia que sentia falta e tantas outras que eu nem lembrava da existência!
Massa para fazer pão de queijo, Guaraná Antártica, biscoitos/bolachas como Passatempo e Bono, brigadeiro… enfim, uma variedade imensa de coisas!

Com a certeza de que voltarei pra esse mercadinho em breve, fomos pra casa preparar nosso Strogonoff.
O Vince nos confessou que tudo que ele sabe cozinhar, ele aprendeu no Youtube, coisa que eu já desconfiava. Você pode achar milhões de receitas no Youtube, principalmente em canais americanos! Aliás, foi assim que aprendi a cozinhar tudo que sei até hoje (e com o caderninho da mãe do Guga também).

Pouco mais de uma se passou depois que ele começou a cozinhar e já estava pronto. Já não era sem tempo, eram quase 3PM e eu estava apenas com um sanduíche de atum no bucho ehehehe.

Não sei se era porque eu estava com muita fome, muita saudades de comer aquilo ou se é porque ele acertou a mão, mas a comida estava deliciosa! Digna daqueles barulhos irritantes que você e o papai fazem aos domingos no almoço.
“HMMMMMMM”

 

E o melhor é que sobrou, meu almoço hoje vai ser Strogonoff de novo!
E viva o Youtube.